CANTO D' ALMA

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Um espaço de partilha de nós para vós e que pretende ser de todos nós.

Um local para usufruir e disfrutar da companhia uns dos outros num ambiente perfumado pelo aroma das artes.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

"Desabafos e outros sentimentos íngremes"

Julgo não cometer aqui alguma inconfidência, sempre desnecessária.
Dizia, uma amiga minha, por estes dias, postando o seguinte:
« Vou acolher o meu corpo, começa nova semana, o chegar do Natal, para todos que a sentem com alegria um bem-haja!... para mim seguramente a pior semana do ano, descaracterizada de tudo o que me identifica. Somente mantenho a Fé no que acredito existir para além do corpo. Beijo enorme a todos».

- Partilho, inteiramente,desse teu sentimento querida "S". É já o segundo Natal em que "sobrehumanamente" me esforço para acolher no corpo a alegria, o entusiasmo e o júbilo, outrora naturais em mim durante esta quadra sagrada. Descaracterizada, despida de tudo... é assim que ela agora se me apresenta, aos olhos e ao espírito. Somente a fé no que, piamente, acredito existir para além do corpo me faz mover, conferindo assim algum sentido às natalícias manifestações.
Sei que o meu Pai - mais que nunca - continua entre nós, não tenho dúvida alguma quanto a isso. Contudo - e quiçá de um ponto de vista estritamente egoísta - queima em mim a dor dessa impossibilidade física de lhe dar um beijo e um abraço ternamente longo, quase que infinito, dizendo-lhe como era de costume: "Feliz Natal, meu Pai!"

1 comentário:

  1. De tudo quanto escrevo, liberdade que me nego vencer, assiste a ti, sempre a mesma liberdade para citar cada palavra. Sinto o que sentes, compreendo esta época ser invadida por sentimentos daqueles que amamos no incondicional e não privam junto de nós a presença física.

    Terei o privilégio de não sentir assim, dessa maneira, talvez porque ao longo da vida me habituei a 'perder' pela distância tudo quanto mais amo no incondicional.

    Tenho o meu tempo de verter lágrimas de saudade, depois fica as melhores recordações que devolvo com o sorriso inato que herdei.

    Há 'perdas' que são 'adubo' no crecer e ser. Aprendizagem, lucidez do sentido da vida, é efémera, poucos a sentem assim e vivem como se tivessem todo o tempo do mundo ao adiar o que deve ser feito hoje. Jamais conhecemos esse tempo, o lamentar que foi 'tarde' que 'abri os olhos' é a forma como muitos olham a vida.

    Só na adversidade os torna um pouco mais lúcidos do sentido da existência do corpo. Bem sei que a forma como olho para vida pode ser estranha para muitos, contudo sou assim, não quero ser de outra forma, mesmo com 'armas' que sei as poder usar para gáudio daquilo que em nada me identifica, daí sempre a minha recusa.

    Dir-te-ei seguramente que o teu pai está presente, impossivel não estar junto do amor, vertido agora numa alma áqueles que o amam e reconhecem.

    Abraça-o da mesma forma, silêncios que falam, deseja igualmente o Feliz Natal, está certamente rodeado de amor, único e incondicional. São essas sementes que foram colhidas pela vida.

    Em cada dia, sinto-me imensamente grata pelo teu caminho ter cruzado o meu, na essência que nos reconhece, alegrias que certamente vamos partilhar em momentos únicos de partilha. Uma vida vivida é a luta de contrários, e ainda bem, só assim a podemos apreciar e sentir na verdade.

    Um beijo do tamnho de tudo junto do terno abraço que partilhamos, a distância nunca será sinónimo de esquecimento por todos aqueles que amamos.

    Da tua cúmplice nocturna um xi bem apertado
    S

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