CANTO D' ALMA

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Um espaço de partilha de nós para vós e que pretende ser de todos nós.

Um local para usufruir e disfrutar da companhia uns dos outros num ambiente perfumado pelo aroma das artes.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

"Ciclos"

Ele há ciclos, biciclos, triciclos... e por aí a fora.
Para todos os gostos e feitios :-D
Tal qual o da Lua, hoje começa mais um (07:30).
Aguardemos que seja fértil.
Carpe Diem.

"O homem mais rico do mundo"

Sou eu!!!
Pode até haver igual... mas maior duvido!
Não que proventura fosse algo que já não sentisse
mas o presente tem-no reafirmado de uma forma intensa e inequívoca.
As últimas semanas têm sido prova cabal disso mesmo.
Sinto-me priviligiadíssimo por ultimamente ter podido usufruir
desse aroma a vida
que é a presença de algumas pessoas ultra-especiais
a quem muito estimo, muito amo
e poder assim sentir, bem dentro e bem fundo,
toda a panóplia de emoçes e sentimentos que tenho experienciado.
Um belíssimo exemplo foi este fim-de-semana que agora passou.
Dei por mim como que a viajar no tempo
revisitando, por inúmeras vezes ao longo do dia,
os tantos e tão ricos momentos vividos enquanto infante
com a casa repleta desse mágico aroma a alegria e comunhão
que é o da família toda reunida: Pais, avós, tios, primos, vizinhos...
nessa tão prosaica e simples atitude de se darem
uns aos outros,
uns nos outros,
de se partilharem
e usufruirem
desse tão fértil maná
que é a companhia do outro.
Ele era o Natal, a Páscoa, o aniversário de alguém
e quando não eram esses os motivos da festa,
era a razão 1ª para todas festas:
O Celebrar, tão simplesmente,
a possibilidade que a vida nos conferia
de estarmos juntos e perto
daqueles que amamos e fazem o favor de nos amar.
E sob a perspectiva do "metro mal medido" que outrora tive,
com os olhos da criança que fui
dei por mim a olhar para o meu Pai
e a recordar o imenso e luzídio sorriso que se lhe desenhava no rosto,
aquando destes eventos - do qual na altura não alcançava
sua total profundidade e verdadeira dimensão.
Meu Pai, todo ele, transbordava de luz
e dessa abstrata emoção que é a felicidade.
Este fim de semana, talvez por essa razão,
mais forte que nunca, senti a presença dele junto de mim.
Imaginei o quanto ele não iria sentir-se radiante e feliz
por, fisicamente, usufruir daquele belíssimo quadro
que as suas sobrinhas e sobrinhos tão bem souberam pintar.
Dei por mim, bastas vezes, a desenhar-se em meu rosto
o mesmo sorriso mágico do meu pai...
e por momentos... senti-me um Homem.

O amar, o sentir-se amado e benvindo são emoções singulares,
de tão inenarrável que é a sua natureza
e a forma como nos aquece o peito.




P.S. Todos quantos conhecem a minha maneira de ser e de estar
sabem que, no dia-a-dia, estendo estas minhas palavras
a todos os habitantes do planeta, porém hoje são
mais específica e particularmente dirigidas.
Pode até afigurar-se como um pedido meio egoísta/narcisista,
porém peço desculpa se ofendo alguém com as minhas palavras...
mas é o que eu sinto:
- Que Deus ilumine e abençoe os passos daqueles que me elegem alvo de seu afecto,
muito especialmente, a minha família - quer a de sangue (a que os meus pais me deram) quer a de coração (aquela que eu construí).
Amén!!!

terça-feira, 22 de junho de 2010

“Ainda Saramago”

Uma lágrima cai
pela morte de um homem
sob uma chuva de flores.
É assim que no último dia da primavera, em Lisboa,
a humanidade de se despediu da carme
dessa figura insigne da literatura mundial
que foi, é e será... José Saramago,
português convicto e cidadão do mundo.
Artífice da palavra,
voz do povo, dos que trabalham e sofrem,
consciência incómoda
desses exímios especialistas na arte da feira das vaidades
que insistem em viver, qual sanguinários parasitas,
dessa classe “menor”
que pressiste nessa mundana superior virtude
que é viver do suor e do esforço do seu trabalho.

Eram 16:00 de mais um dia da história da humanidade...
mas há dias que nos marcam para sempre.
Sob a bandeira portuguesa,
um corpo ruma à eternidade
envolto num mar de palmas,
em jeito de agradecimento e louvor,
com que os anónimos e não anónimos
o saúdam à sua passagem.

Das milhentas declarações expressas esta tarde, retenho uma
provida de palavras
que não constam do diccionário intelectual
do senhor presidente da República Portuguesa.
Trata-se de uma senhora espanhola,profundamente emocionada, que tem esta afirmação espontânea espantosa:
- Obrigado a Portugal por nos ter dado, ao mundo, esta figura ímpar! Muito obrigado!
Curioso, no mínimo, não?

Paz à sua alma.


(20 de junho de 2010)

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Saramago

Este ficará para todo sempre conhecido pelo dia em que, fisicamente, morreu Saramago... José Saramago. Escritor, elemento criador da palavra, pensador mas sobretudo um Homem.
Um Homem da sua gente, do seu povo e jamais das bacocas bafientas e asfixiantemente bolorentas elites que se julgam detentoras do poder como que por decreto divino.
Um Homem como qualquer outro elemento de sua espécie, constituído por defeitos e virtudes mas que não renegava ambas, com a mesma devoção e nobreza de carácter.
E muito ao contrário de algumas apelidadas elites, ele sim, um mui digno representante do país e dessa coisa - quase que mágica - que é o SER-SE português com orgulho.
Hoje, Portugal e o mundo ficaram muito mais pobres.
Mas sua obra e o seu pensamento se perpetuarão no tempo e tal como agora, mesmo daqui a 500 anos, será uma marca incontornável de Portugal no mundo, um verdadeiro ícone português do sec.XX, quanto mais não seja no universo literário mundial, a despeito das iluminadas eminências pardas de certos ex-secretários de estado da cultura e outros biltres que tais.
Hoje ficámos mais pobres porém o céu ficou mais rico... nele brilha mais uma estrela.

Revisitando Pessoa

Os três textos que se seguem - como todos os outros de minha lavra - não representam nada de significativamente relevante.
São apenas como que uma espécie de solilóquios interiores que, no caso destes, nasceram dessa coisa fantástica e sempre enriquecedora que é o revisitar a obra desse enormíssimo vulto universal que é Fernando Pessoa.
Obrigado pela santa paciência de me lerem :-)

"Lobotomiazinha"

Que vazias de tudo a maioria das vidas
que, na rua, se cruzam comigo,
têm assim parecido.
Qual esterco metafísico
se compõem de vaidades, futilidades, insanidades
e outras vanidades.
Que vazias de tudo a maioria das vidas,
que, na rua, se cruzam comigo,
têm assim parecido...
e quiçá também a minha?
Porém a minha sempre é fértil
em Sonho, Amor, Valores e Ideais.
Talvez por isso Existir...
parecer custar mais.
De forma crescentemente clarividente,
uma lobotomiazinha
assume contornos de solução... ideal.
Pois apenas sofre quem uso do pensamento faz.

Tal se me afigura como uma conclusão perspicaz! :-))



Revisitando o insigne Fernando Pessoa através do poema ”Bicabornato de soda” de Álvaro de Campos:

”Um internado num manicómio é, ao menos, alguém”

Um internado num manicómio é, ao menos, alguém...
eu sou apenas um “quase”...
não passo de um “quase”
fruto deste refinado e mui evolutivo estádio existêncial
de “estar entre”.
Sou um algo ou alguém
que está a meio caminho
entre a sanidade (mental, entenda-se) e a loucura.
Um algo ou alguém entre o lúcido e o louco.
Uma vasilha onde co-habitam,
numa simultaneadade nem sempre pacífica,
os contactos com a atroz, fria e crua realidade
e um enorme coleccionável de grandes imaginações fruto do sonho;
Um vulcão de profundas e densas emoções,
sejam elas de sorriso ou de lágrima ou ambas,
por vezes sem sentido algum,
originando que mal me saiba conduzir na vida
devido a este mal-estar de fazer pregas na alma.
Se ao menos endoidecesse de vez...
pelo menos não seria
um internado num manicómio sem manicómio, certamente,
não mais seria um“quase”.
Assim... estou assim.

Revisitando o grandioso Fernando Pessoa através do poema ”Esta velha angústia” de Álvaro de Campos:

“Filme” ou “Retrospectiva”

Lembro e relembro
o que fiz,
quanto fiz
e como fiz
na vida.
Pouco,
muito pouco
ou nada
alteraria na minha vida.
Tudo o que fiz
quanto fiz
como o fiz
fi-lo por inteiro,
sem limites nem reservas,
num acto desenfreado
de entrega total
sem o mínimo propósito
de ofender ou prejudicar alguém.
Todos os momentos do meu passado
ou a sua grande maioria
(fugindo a uma qq nesga de presunção)
são causa de sorriso estampado
nos lábios de um qualquer alguém,
por mais breve e leve que seja.
Todos os momentos do meu passado
são completamente desprovidos de falsidade.
Todos, sem excepção,
são plenos de intencionalidade
devoção, carinho, intensidade e identidade.
Certo que ao longo do caminho,
seguramente, como humano,
também errei.
Mas jamais com o intuito
ou propósito de prejudicar.
Acaso, em certas alturas,
se eu tivesse tido ou não tido...
se eu tivesse dito ou não dito...
se eu tivesse sido ou não sido...
se tudo tivesse sido ou não sido...
outro, provavelmente, seria
Eu,
o hoje,
o universo inteiro.
Mas não tive, não disse, não fui e tudo não foi.
Por isso sou o que sou. Apenas o que sou.
Em relação a outrém
não me sinto
nem sou mais,
nem sou menos
que alguém.
Seguramente serei diferente...
pois sou EU.
Amei, sonhei e fui,
inteira e convictamente.
E isso basta-me!

Revisitando o grandioso Fernando Pessoa através do poema ”Na noite terrível” de Álvaro de Campos.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

10 de Junho

Segundo a designação oficial o 10 de Junho é o dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.
Mas, este dia, apesar de ser dedicado à celebração da nacionalidade e dos valores nacionais - afinal de contas somos o país da Europa com uma língua única que nos une e com as mais velhas e estáveis fronteiras estabelecidas... fruto de uma férrea vontade e de um querer muito forte de estarmos e querermos ser um todo uno e indiviso - é, na minha perspectiva, algo muitíssimo mais do que isso; Ele é e deve ser algo muito mais abrangente e muito mais lato. O 10 de Junho é por excelência o dia da Lusofonia e da Lusitaniedade, essa característica única que nos distingue dos demais aglomerados civilizacionais e que ainda hoje se encontra vincadamente patente nos povos com quem mais de perto contactámos.
Somos um povo cuja identidade se revê nos valores da partilha, da comunhão e da entrega. Somos um povo fadista, de brandos costumes mas com um coração do tamanho do mundo. Somos acima de tudo aquilo que nos constitui: somos a alma, a saudade, o amor, o destino (fatalista) mas mais que tudo isto... somos a esperança. Somos feitos desta cósmica energia propulsora que nos impele para a frente, sem temor, em busca do sonho... mesmo quando a linha do horizonte apenas pouco mais é que o desconhecido e a neblina que o envolve... mesmo sabendo que poderá ter de ser efectuado com risco da própria vida.
Somos um povo de gente simples, hospitaleira - impregnado de um nacional porreirismo e de uma quase sobrehumana capacidade de desenrascanço - mas um povo que se afirma, sobretudo, pela generosidade.. que nos advém do tamanho da alma e do coração.
Claro que também temos defeitos, principalmente, as nossas “mui iluminadas” e ricamente tacanhas elites dirigentes que ainda hoje pouco mais fazem que vender às postas, aos “nossos amigos” do exterior, as nossas maiores riquezas apenas com o intuito único do proveito próprio - veja-se por exemplo, o histórico episódio de Viriato. Afinal de contas, isto não é só de agora, pois já no tempo dos romanos era um dado adquirido e tido como absolutamente fidedigno, algo muito curioso: “(...) lá, por terras da Lusitânia, há um povo que não se governa nem se deixa governar(...)”. Sintomático, não?
E se olharmos com um pouco de atenção para os nossos povos irmãos, em todos eles podemos constatar traços das qualidades acima descritas.
Por tudo isto, mais do que o usualmente tido pelo senso comum como o“Dia do Sangue” ou o “Dia da Pátria” advogo que o 10 de Junho deveria ser o “ Dia da Lusofonia e da Lusitaniedade”. E por falar em Pátria... uma vez que a minha Pátria é a Língua Portuguesa, nada melhor para celebrar o 10 de Junho senão com este perfumado exemplo, em "qintuplicado". Mas como este poderia, perfeitamente, jogar mão de outros tantos milhoes de exemplos semelhantes. A fantástica abundãncia da Lusofonia assim o permite.

De Alberto Caeiro (Fernando Pessoa)"Poema do menino Jesus"
por Maria Bethânia


De Fernando Pessoa "O Mostrengo" por Paulo Autran


De Fernando Pessoa "Mar Português" por Paulo José


De Carlos Drummond de Andrade "Quero" por Paulo Autran


De Fernando Pessoa "Aniversário" por Paulo Autran

terça-feira, 8 de junho de 2010

" ...da alma e do sentir"

As rodas do avião anunciam que tocámos já o solo.
É uma sensação magnífica esta que me percorre as veias
ao ver-me de volta à inconfundível cidade luz.
Faltam-me as palavras para conseguir expressar
o quão feliz me sinto
por estar de novo junto dos “meus”,
aqueles que amo e muito estimo.
Como é bom sentirmo-nos assim abraçados com o olhar.
Qual doce brisa estival,
aquece-nos a alma... preenchendo-nos de vida.
Seu divino conforto não tem igual.
Supremo é o privilégio de ser alvo do seu carinho e atenção,
saboreando o néctar de sua presença.
Magnífica é a existência
quando colorida de momentos assim.
Amén!!!

quarta-feira, 2 de junho de 2010

"As noites sul africanas"

As noites sul africanas,
sinfonias de cor e de entrega ímpares,
de intensa magia e de amor sem fim
têm tanto de insubstituivel como de irrepetível
mesmo que durássemos 5000 anos.
Porém foram e serão infinitamente divinas
na medida em que
são parte de nós e nos constituiem...
como o amor que um dia uniu nossos corpos
e que será eterno
enquanto vivermos.

(Ao som de “Um ponto de luz” de Sara Tavares)

"As tardes da magia, do vôo e do encanto" ou "Sei-o porque nos cruzamos todos os dias"

(Sem sequer mencionar a magia das noites, das manhãs e das tardes,
mesmo quando fisicamente não estávamos sequer perto um do outro).

Não sei porquê mas o pôr-de-sol
tinha o especial condão de te colocar estampado no rosto
um tranquilo ar de felicidade suprema muito grande.
Pelo quarto ficava espalhada a luz do amor,
esse amor partilhado e que nos constitui,
que unia os nossos corpos num só.
Era assim a vida inteira.
Era assim o nosso amor.
Ao partir, o ritual repetia-se.
Abriam-se as janelas de par em par...
e ele se escapulia pelas ruas, pela cidade
inundado-a de um contagiante e primaveril aroma
de encantos mil, pleno de vida e de comunhão.

Eu sei que já lá vai,
tenho consciência plena disso e não o refuto.
Mas não é por causa do "já lá vai"
que elas deixam de ser boas, belas e inesquecíveis.
Por acaso até é daquelas coisas
que tenho imensas saudades...
O ver tua cara,
muito, inteira e completamente inundada
de uma felicidade plena
e que agora... ... ... e de há muito tempo
já não transportas no rosto.
(E sei-o porque, embora nem te dês conta, nossos olhares se cruzam todos os dias)